Dias de um jovem que não é rasca

Conheço como poucos a geração de trintões que agora é chamada de geração parva ou geração à rasca.

Para muitos destes jovens que criámos a seguir ao 25 de abril, a sociedade em que vivem é fraca para a sua capacidade e não lhes disponibiliza os empregos a que se julgam com direito. Vivem à sombra do bananal dos pais e dos diplomas fáceis que guardam em casa.

Falei há poucos dias com Miguel Godinho, um escritor farense nascido em 1979; e acho que deveriam ouvi-lo também muitos dos jovens que hoje se queixam do dinheiro que não lhes cai do céu.

Miguel Godinho licenciou-se e arranjou emprego, suportando as dificuldades próprias de quem tem de ganhar para viver. Teve de passar por uma dorida fase de adaptação ao mundo laboral. Teve de conhecer de perto as rotinas, as desilusões, as hipocrisias, a corrupção de “muita gente que não é flor que se cheire”…

Ninguém é mais responsável pelo caminho que escolhemos que nós próprios.” – diz. E por isso escreveu num dos seus poemas, in “Os nossos dias”: “ao menos consigo pagar os créditos e ser feliz… ao fim de semana”.

A geração parva bem deveria ouvir as palavras sábias de um jovem que sabe lutar pela vida e sabe que os sacrifícios fazem parte dessa luta. Esta lição de experiências feita deveria ter sido dada pelos pais de muitos dos que hoje fazem manifs sem sequer saberem escrever palavras de ordem. Mas agora vão ter de se amanhar e deixar o comodismo e a preguiça … para os fins de semana.

Querer ser adolescente depois dos 30 não é uma questão de juventude: é uma questão de atraso no desenvolvimento.

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