A frontalidade

Foto João Xavier - Argola

Quando há uns anos fui Diretor de uma grande escola, saíu-me na rifa uma professora embirrenta que estava sempre a inventar problemas e a stressar-me com futilidades e assuntos desconexos.
Um dia, depois de eu já ter a panela de pressão em efervescência, quando me viu a soprar, ela atirou-me com uma pérola estudada:
“Eu o que tenho para dizer digo pela frente. Sou frontal.”
Em menos de dois segundos, respondi-lhe:
“Eu também sou frontal! Não sou é inconveniente!”
Guardei, acho que para sempre, esta definição que me saíu sem preparação prévia.
E tem-me servido para muitos episódios que a vida me tem trazido.
A boa educação, a condescendência, a moderação, a diplomacia e a sabedoria são prioritárias em relação à afamada frontalidade.
Há muitas maneiras de dizermos o que pensamos. E não foi por acaso que Deus nos deu duas orelhas e uma só boca. Por muito que esteja na moda, está a funcionar mal quem não sabe ouvir e polui o ambiente a dizer tudo o que lhe vem à boca…

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