Archive for the ‘O homo modernus’ Category

As moitas

11 Abril 2018

direitos reservados moita triangular

Não sei se a amiga leitora ou amigo leitor já se aperceberam, mas deparamos constantemente com pessoas que se acham uns autênticos arautos da modernidade.

Acham que tudo o que está na moda é que é correto, é positivo e é bom. O resto é antiquado, é errado e é mau.

O homo metropolitanus revolta-se contra a Natureza e contra o sinal mais visível da puberdade humana, que é o aparecimento de pelos púbicos e pelos nos sovacos.

Nas últimas duas décadas, têm-nos impingido a ideia de que uma mulher não deve ter pelos nas pernas, não deve ter pelos nas axilas e não deve ter pelos… na rata!

É uma ditadura incrível que causa mal-estar a muita gente. O preconceito é terrível…

Contra isso, Emer O’Toole, professora universitária irlandesa, criou um movimento que visa combater estas «marcas de género». Diz mesmo: «Nós amamos os nossos jardins, as nossas moitas!» E já diversas mulheres famosas se têm aliado nesta «luta».

Haja quem saiba remar contra as marés.

Nada do que é natural está a mais.

 

A guerra entre os animais

17 Março 2018

foto joao xavier - ratoeiras

Num tempo em que estão na moda «os direitos dos animais», continua uma guerra de que ninguém fala.

Aparece identificada como «desinfestação», «desratização», «desbaratização» e outra terminologia avulsa, mas é apenas a guerra que o bicho homem declara a outros animais que não quer ver por perto.

Com esta guerra, as autarquias gastam vastas centenas de milhares de euros.

Nas povoações, seja dentro ou fora dos nossos edifícios, há animais que não temos qualquer pejo em maltratar, envenenar, matar ou simplesmente afastar. É fácil encontrar provas materiais dessa guerra nos centros comerciais, por exemplo.

Muitas pessoas, na impossibilidade de terem outros humanos como escravos, deliciam-se a sequestrar e escravizar cães e gatos, entre outros. E criam muitos mais, com o único objetivo de os matar e comê-los.

No ideário do homo modernus, para resolver determinados problemas de consciência, legisla-se e regulamenta-se a relação com determinados animais a que se convencionou chamar «de companhia». Mas a relação do bicho homem com esses e com outros animais acaba sempre por assumir a postura de animal dominador, rei e senhor.

Pense nisso.

Os portugueses e o fogo

9 Novembro 2017

foto joao xavier - incendio na serra do caldeirao 2012

A vida milenar do bicho Homem sobre a Terra mudou radicalmente a partir do momento em que descobriu a forma de produzir fogo.

Até então, os nossos antepassados eram uma simples espécie entre outras espécies e sofriam ataques medonhos dos predadores carnívoros. Com o fogo, começaram a afugentá-los.

Provando animais queimados em incêndios, perceberam que eram mais saborosos e inventaram a culinária; e dominando o fogo em tochas, perceberam que podiam iluminar as habitações grutescas e aquecer-se em dias frios…

Passado esse tempo, o fogo é para o homo modernus um maná e um problema.

Em Portugal, sempre tivemos florestas e sempre tivemos cuidado com o fogo.

Criámos, entretanto, uma geração de gente que parece nos primórdios do fogo: uns, estúpidos, tresloucados e primatas, encantam-se com o fogo e transformam-se em incendiários; outros, estúpidos, burros e irresponsáveis, fazem queimadas sem nexo e acabam por ser tão destruidores como os primeiros.

Só não percebe isto quem não sabe que nos últimos anos arderam em Portugal mais florestas do que no resto de toda a Europa…

 

As árvores que caem e as árvores que vão caindo

2 Setembro 2017

 

KODAK Digital Still Camera

Há árvores que morrem de pé. A imagem é ancestral e gerou nos homens a ideia de perenidade além da morte e de verticalidade acima de todas as vicissitudes.

Há também árvores que tombam.

Tanto umas como outras estão sujeitas, ao longo do seu ciclo de vida, a perderem ramos devido a problemas diversos, como doenças ou tempestades, por exemplo.

No meio florestal, tudo é corriqueiro e a mãe natureza encarrega-se de manter o equilíbrio ecológico, com o material vegetal a enriquecer o solo que alimenta as próprias plantas.

Já no meio urbano a coisa fia mais fino: a gestão das áreas verdes implica uma cuidada ponderação dos riscos.

Tivemos no Funchal o episódio recente de um carvalho centenário que ao cair matou 13 pessoas.

Ainda hoje, em Faro, uma árvore perdeu duas pernadas com cerca de 5 metros de comprimento, na avenida Gulbenkian (ver foto), sem qualquer temporal.

As autarquias têm por dever cuidar destas árvores que crescem em espaços públicos. Tenham cuidado, muito cuidado…

 

Recoletores…

14 Março 2017

recoletora

Antigamente, o ser humano era recoletor: caçava, pescava, colhia frutos…

Era nómada.

Depois, começou a sedentarizar-se e a ser produtor.

Especializou-se.

Aproveitou e reforçou as diferenças de estatuto.

A seguir, começou a comerciar. E inventou o dinheiro.

Depois, esmerou a sua faceta de inventor.

Artificializou a vida e criou a poluição.

Estamos chegados aos tempos modernos. Com enormes diferenças sociais, com doenças, com destruição impensável dos recursos naturais.

Mais valia voltarmos a ser recolectores!…

Animais em casa como catarse do homo modernus

8 Março 2015

Piton em Albufeira - in JN

Uma cobra piton albina, viva, com 2 metros de comprimento, foi encontrada num contentor do lixo, em Albufeira!!!
Este réptil pode chegar aos 8 metros de comprimento. Como piton, apesar de não ser venenosa, pode sufocar uma pessoa.
É extraordinária a irresponsabilidade de quem se mete a criar em casa animais selvagens!
Não custa adivinhar que neste caso foi alguém que se arrependeu e tratou de levar o bicho para o lixo, antes que o bicho lhe arranjasse algum problema irresolúvel…
Não é só com animais potencialmente perigosos que a asneira se nota hoje em dia, entre quem se aventura na criação de animais! Em alguns casos, é pelo tamanho, pelo incómodo que causam e pelas doenças que provocam.
A escapatória para as frustrações da vida moderna podia ser menos estúpida…

O homo calçatus

1 Abril 2009

Homo calçatus, por João Xavier

O homo modernus evoluíu no sentido de uma grande fragilização e isso está bem patente na necessidade de proteger os pés, ao contrário de qualquer outro animal, mesmo os primatas e os bípedes.

A evolução aprimorou uma variedade de calçado que é difícil enumerar: sapatos, botas, sapatilhas, chinelos, sandálias, alpercatas, tamancos, mocassins, galochas, botins, socas, pantufas, sabrinas, ténis, chuteiras, etc. …, num conjunto que é complementado por meias, peúgos, souquettes, collants, etc. …

Tal diversidade é aumentada pelas finalidades específicas a que o calçado e seus acessórios se destinam: caminhadas, montanhismo, passeios, lazer, desportos diversos, cerimónias e outros pretextos …

As fêmeas do homo calçatus usam ainda o calçado com o objectivo de parecerem mais altas e mais elegantes, aumentando-lhe desmesuradamente os tacões e provocando alterações dolorosas na coluna vertebral.

Mais do que objecto de protecção dos pés, para o homo calçatus o calçado é um objecto de design, requinte e moda.

Chama-se ‘pé descalço’ a um pobre. E usa-se a expressão ‘ser apanhado descalço’ para significar ‘ser apanhado desprevenido’.

O homo drogatus

16 Fevereiro 2009

homo-drogatus-jx

O homo drogatus é uma sub-espécie do homo modernus em grande expansão desde a 2ª metade do séc. XX.

A sua disseminação é tal, que o tráfico de drogas é uma das mais ricas actividades do planeta, regulada numa sub-economia clandestina que movimenta fortunas.

O homo drogatus vive dependente de substâncias psicotrópicas que ingere / snifa / fuma / injecta.

As drogas mais usadas são os opiáceos (ópio e heroína), os alcalóides (cocaína e crack), a cannabis (haxixe) e as drogas sintéticas (lsd).

São produtos que têm efeitos analgésicos / estimulantes / euforizantes / sedativos / inebriantes / perturbadores sensoriais / alucinantes… mas têm efeitos secundários graves, como depressão respiratória, hemorragias internas e colapso de rins e fígado, por exemplo… gerando, sobretudo, uma grande dependência física e psíquica, por a sua ausência induzir ansiedade.

O homo drogatus provoca grandes despesas nos sistemas nacionais de saúde mas são cada vez mais numerosos os toxicodependentes ou toxicómanos (nomes vulgares com que é catalogado o homo drogatus).

O homo electricus

4 Fevereiro 2009

homo-electricus-jx

O homo electricus é uma subespécie muito recente do homo modernus.

Há 100 anos, um carregador era “quem põe ou transporta carga ou peso”; agora, é “um aparelho para recarregar de energia eléctrica uma bateria de acumuladores”;

Há 100 anos, uma pilha era “um montão de cousas postas a cavalete umas sobre as outras”; agora, é “um aparelho que transforma em energia eléctrica a energia desenvolvida numa reacção química”;

Há 100 anos, uma lâmpada era “um vaso com azeite e torcida”; agora, é ” uma ampola que emite luz”;

Há 100 anos, um interruptor era “quem estorva ou suspende a continuação de alguma cousa”; agora, é “um aparelho que serve para interromper ou ligar um circuito eléctrico”;

Há 100 anos, uma bateria era “uma fortificação com peças assestadas”; agora, é “um agrupamento de acumuladores de energia eléctrica dispostos em série” …

A produção de energia eléctrica pelos humanos só começou no séc. XIX e só se generalizou na segunda metade do séc. XX.

Hoje em dia, o homo electricus vive rodeado de radiações eléctricas por todo o lado e depende da electricidade para quase tudo: para viajar a longa distância, para iluminar edifícios e povoações, para comunicar, para realizar tarefas domésticas, etc. .

É enorme o número de aparelhos eléctricos que o homo electricus usa no seu quotidiano: televisores, rádios, varinhas mágicas, batedeiras, microondas, frigoríficos, máquinas de lavar roupa e loiça, ferros, gravadores, computadores, fotocopiadoras, calculadoras, relógios, automóveis, etc., etc. …